Agosto branco: câncer de pulmão é o que mais mata no mundo e cigarros eletrônicos preocupam os médicos
Uma doença desafiadora e que torna difícil para o paciente a atividade mais simples do ser humano: respirar. Assim é o câncer de pulmão, doença que, segundo dados da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), em 2022, teve mais de 2,5 milhões de novos casos e causou a morte de 1,8 milhão de pessoas em todo o mundo. Mais de 90% dos casos desse tumor estão relacionados ao tabagismo e, por isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou a campanha Agosto Branco.
“As mortes por câncer de pulmão são consideradas evitáveis, pois seu surgimento está estreitamente ligado ao tabagismo, hábito que pode ser evitado ou mudado, mas que, infelizmente, ainda é um desafio que encerra a vida de milhões de pessoas no mundo”, lamenta a oncologista clínica Juliana Alvarenga.
Apesar de o cigarro tradicional, de nicotina, ser o maior causador de casos de câncer de pulmão, a comunidade médica tem se alarmado com o consumo de cigarros eletrônicos nesse cenário, principalmente entre os mais jovens.
Ainda não existem estudos fazendo uma ligação direta entre o uso desses dispositivos e o desenvolvimento dos tumores, mas sabe-se que as substâncias presentes têm potencial tóxico e cancerígeno.
“Não por acaso, a Anvisa proibiu a comercialização dos cigarros eletrônicos no Brasil, em abril, baseando-se em documentos da Organização Mundial da Saúde e da União Europeia sobre o tema”, relembra Alvarenga.
A preocupação é maior devido ao sucesso que o produto faz com os mais jovens, uma geração que não conviveu com as campanhas massivas de desestímulo ao tabagismo existentes décadas atrás.
Segundo dados da Coordenação do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, 25% das pessoas entre 18 e 24 anos estão tendo a primeira experiência com o fumo por meio do cigarro eletrônico, índice que aumentou 20% em 2023.
Casos
No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que poderão surgir mais de 32 mil novos casos da doença no Brasil, em 2024, e mais de 28 mil óbitos em função da enfermidade.
Algo que torna o diagnóstico de câncer de pulmão particularmente difícil é que a doença, quando apresenta sintomas, pode estar em um grau adiantado de desenvolvimento, o que acrescenta maior complexidade ao tratamento.
“O risco de desenvolvimento de câncer de pulmão aumenta na mesma proporção da intensidade do consumo de cigarros. Segundo estimativas do Inca, a mortalidade por câncer de pulmão entre tabagistas é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que não fumam”, afirma a oncologista.
Entre os outros fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão estão a exposição excessiva aos poluentes atmosféricos, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica) e história familiar de câncer de pulmão.
“O tratamento do câncer de pulmão envolve uma equipe multidisciplinar. Além do oncologista, podem participar também cirurgiões torácicos, pneumologistas, radioterapeutas, radiologistas, entre outros. Isso porque, a depender do tipo de neoplasia, do estágio da doença e do acometimento dos órgãos e estruturas vizinhas, o tratamento pode exigir quimioterapia, radioterapia, terapias-alvo, imunoterapia ou cirurgia. Em alguns casos, mais de uma opção terapêutica é elegível”, explica a médica.
Sintomas
Apesar de, geralmente, apenas apresentar sintomas quando se encontra em estágio avançado, o câncer de pulmão pode dar alguns sinais ainda em fase inicial. São eles:
– Tosse persistente;
– Escarro com sangue;
– Dor no peito;
– Falta de ar;
– Rouquidão;
– Perda de peso e de apetite;
– Sensação de cansaço.
Nos fumantes, um outro sintoma de alerta pode ser uma alteração no ritmo da tosse, que pode aparecer em horários incomuns.
“Ao observar esses sintomas, é importante que o paciente procure um médico, para investigação das causas. O diagnóstico de câncer de pulmão é feito através de exames como raio-x e tomografia do tórax. Biópsias do tecido pulmonar são fundamentais para o correto diagnóstico”, afirma Alvarenga.
Prevenção
Quando se fala em prevenção do câncer de pulmão, a principal medida é não fumar e também evitar o tabagismo passivo, que acontece quando o indivíduo inala a fumaça do cigarro que está sendo consumido por outras pessoas.
“Pode ser um desafio escapar do fumo passivo, sobretudo se a pessoa convive com alguém que fuma na mesma casa. Por isso, é importante sensibilizar os fumantes de que, além de prejudicar a própria saúde, o vício em cigarro também pode trazer prejuízos à saúde de pessoas queridas, como cônjuges, filhos e demais familiares e amigos”, finaliza Alvarenga.
Fabio Andrade
Athacomunica