
Acolhimento na doença: Acacci se transforma em lar para famílias durante o tratamento contra o câncer
Mais do que uma casa de apoio, a Acacci (Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil) assume o papel de lar para muitas famílias que precisam de um lugar para ficar no período de tratamento de crianças e adolescentes diagnosticados com câncer. É na entidade, localizada em Jardim Camburi, que muitas famílias encontram acolhimento, segurança e renovam a esperança antes, durante e depois do tratamento, fazendo parte de uma rede de suporte.
São famílias que vêm do interior do Espírito Santo e de outros Estados. Em 2024, foram registradas 1.190 hospedagens e o tempo de permanência costuma ser longo, fazendo com que os assistidos tenham de driblar a saudade de casa e dos outros familiares que ficaram em casa sob os cuidados de terceiros ou de algum familiar.
Um dos acolhidos é o pequeno Samuel, de dois anos, que vive com os pais na cidade de Alegre. Após o diagnóstico de hepatoblastoma, um tipo raro de tumor maligno no fígado, ele foi encaminhado para tratamento no Hospital Infantil de Vitória. Na Acacci, a família encontrou o apoio necessário para seguir com a jornada.
O pai, Emanuel Braz Furtado, conta que tudo começou quando sua esposa percebeu um caroço na barriga do filho. Após uma ida ao pronto atendimento e a realização de exames, veio o diagnóstico: câncer. Samuel tinha apenas um ano e quatro meses.
“Foi o começo de uma batalha muito difícil. Não conhecíamos nada em Vitória, e a Acacci apareceu em nossas vidas. A entidade nos oferece estrutura e segurança, com hospedagem, alimentação, transporte e acolhimento. Em abril, Samuel completou um ano de tratamento e tem evoluído muito bem. Estamos firmes nessa luta, com Deus à frente e a Acacci ao nosso lado”, afirma Emanuel.
Uélica Paulino Fabres, de 36 anos, também encontrou na Acacci o suporte que precisava após o diagnóstico de leucemia no filho Henzo, de 6 anos. Natural de Vargem Alta, ela conta que os sintomas começaram com dor na perna, seguidos de fraqueza, febre e vômitos. “A descoberta da doença foi muito assustadora. Tivemos que sair de casa, deixar tudo para trás, e vir para cá. Como mãe, só tenho a agradecer. Toda a equipe de profissionais da Acacci é maravilhosa”, elogia.
O maior desafio de todo o tratamento, segundo Uélica, é realmente estar longe de casa. “Estamos em Vitória desde o final de dezembro. Fiquei mais de três meses fora da minha casa, longe dos familiares, do meu marido e da minha outra filha, de 9 anos. Meu marido me apoia da maneira que pode, mas ele precisa trabalhar para garantir o nosso sustento. Já minha filha tem ficado sob os cuidados dos meus pais”, completa.
O diretor-presidente da Acacci, Francisco Carlos Gava, explica que a instituição atua para garantir a continuidade do tratamento de crianças e adolescentes, promover a humanização no atendimento e minimizar os impactos biológicos, psicológicos e sociais enfrentados por pacientes e familiares. “Para nós, é importante que os pacientes recebam o tratamento adequado e encontrem acolhimento nessa fase. O acesso ao tratamento pode ser difícil, impactando diretamente nas chances de cura. É aí que o nosso trabalho faz a diferença, deixando essa jornada mais leve e oferecendo todo o suporte que a criança e as famílias precisam”, afirma.
Números do câncer
No Espírito Santo, 104 crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos foram diagnosticados com câncer em 2024, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Entre as principais neoplasias malignas estão leucemia linfóide, câncer do colón, câncer no encéfalo, Linfoma não-Hodgkin difuso e câncer nos ossos.
No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que quase oito mil novos casos da doença sejam registados até o fim deste ano, considerando o triênio 2023-2025.
Por Roberta Peixoto
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