Hepatites virais podem evoluir para cirrose e câncer de fígado

Instituída no Brasil pela Lei nº 13.802/2019, a campanha Julho Amarelo tem o objetivo de reforçar ações de prevenção, controle e vigilância da doença, que afeta 350 milhões de pessoas no mundo.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a hepatite viral é uma grande ameaça à saúde global, com mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo vivendo com hepatite B ou C crônica. No mês de julho, que marca o combate à doença, especialistas fazem um alerta: para evitar a doença, que muitas não é perceptível em seus primeiros estágios, é preciso fazer exames regularmente.

No Espírito Santo, a Secretaria da Saúde do estado (Sesa), contabilizou, até o mês de maio deste ano, mais de 90 casos de hepatite B. Em seguida, estão os casos de hepatite C, com 75 notificações e, por fim, a hepatite A, com 3 casos notificados.

O hepatologista da Unimed Vitória, Fabiano Braga Furlan, explica que qualquer situação em que o fígado esteja inflamado pode ser considerada hepatite. Por isso, a doença também pode ser causada por hábitos como a ingestão excessiva de álcool, medicamentos e chás e infecções.

No entanto, a maior parte dos casos registrados é de hepatites provocadas por vírus e por isso a campanha Julho Amarelo se volta para as hepatites virais. A transmissão ocorre por meio do contato com o sangue, fezes e água infectadas. Conhecer as formas de transmissão de cada uma é importante para que todos entendam como se prevenir.

“Na maioria das vezes, não há sintoma algum. Entre as sensações que podem se manifestar, estão a sensação constante de barriga cheia e a digestão lenta, mas elas não devem ser consideradas exclusivamente como sintomas. O diagnóstico é feito apenas com exames de sangue”.

Confira os tipos de hepatites virais

Hepatite A:
• Causa: Vírus da hepatite A (HAV).
• Transmissão: Ingestão de alimentos ou água contaminados com fezes de uma pessoa infectada. É comum em áreas com saneamento básico precário.
Hepatite B:
• Causa: Vírus da hepatite B (HBV).
• Transmissão: Contato com sangue, sêmen ou outros fluidos corporais de uma pessoa infectada. Pode ocorrer por meio de transfusões de sangue, compartilhamento de seringas, contato sexual e de mãe para filho durante o parto.
Hepatite C:
• Causa: Vírus da hepatite C (HCV).
• Transmissão: Principalmente através do contato com sangue infectado. Isto pode ocorrer por compartilhamento de seringas ou por transfusões de sangue não testado.
Hepatite D:
• Causa: Vírus da hepatite D (HDV).
• Transmissão: Semelhante à hepatite B, requer a presença do vírus da hepatite B para se replicar. Pode ser transmitido através de contato com sangue ou outros fluidos corporais infectados.
Hepatite E:
• Causa: Vírus da hepatite E (HEV).
• Transmissão: Principalmente pela ingestão de água contaminada, semelhante à hepatite A. É mais comum em áreas com saneamento básico inadequado.
Riscos e tratamento
Fabiano Furlan explica que a pior consequência das hepatites virais é uma possível evolução da doença para um quadro de cirrose ou câncer de fígado. Em alguns casos, o único tratamento disponível é o transplante hepático, em que o fígado doente é substituído por outro sadio, proveniente de um doador.

O especialista destaca que o tratamento para a doença é fornecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A hepatite C tem cura. Já a hepatite B não pode ser curada, mas o tratamento adequado garante uma boa qualidade de vida, diminuindo efetivamente o risco de evolução para cirrose.

Investir em prevenção é muito importante. “O uso de preservativo e o cuidado redobrado em situações que envolvem sangramentos, ainda que pequenos, como em manicures, são fundamentais. Para a hepatite B, há vacina disponível nos postos de saúde gratuitamente”, conclui o hepatologista.

Maíra Mendonça 

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