
Junho Laranja 2025: Sociedade Brasileira de Queimaduras coloca a violência contra a mulher em pauta
Dia 6 de junho é o Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras. Esse ano, a campanha Junho Laranja, promovida pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), traz à tona um tema urgente: a violência contra a mulher.
Com o slogan “Marcas no corpo, feridas na alma” a campanha busca sensibilizar os profissionais de saúde, a comunidade e as vítimas sobre a importância da denúncia dos casos de violência por queimaduras, além de promover formas de colaboração para a redução de sua ocorrência.
“A queimadura é uma das formas mais cruéis de agressão contra a mulher e deixa marcas profundas. O objetivo do agressor é desfigurar, humilhar, causar uma dor prolongada na vítima”, destaca o cirurgião plástico e diretor científico da SBQ do Espírito Santo, Ariosto Santos.
Segundo uma pesquisa realizada pela enfermeira Isabella Luiz Resende, publicado em 2021, a qual contou com a orientação da vice-presidente da SBQ, a enfermeira doutora Raquel Pan, notícias publicadas entre os anos de 2018 e 2019 apontaram a Região Sudeste como a que mais teve casos de violência contra a mulher que resultaram em queimaduras, um total de 47,17%.
Em 33,9% das notícias que relataram a área corporal atingida, o rosto foi a área mais afetada (72,2%), seguida do tórax (50%). Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que ocorram cerca de 180 mil mortes por queimaduras a cada ano, sendo a maioria nos países de baixa e média renda. Além disso, as queimaduras não fatais são uma das principais causas de morbidade, levando a hospitalizações prolongadas, desfiguração e incapacidades permanentes.
Ainda de acordo com a OMS, estima-se que ocorram aproximadamente 11 milhões de casos de queimaduras que requerem atenção médica em todo o mundo a cada ano. Isso equivale a cerca de 30 mil novos casos por dia.
A violência com queimaduras é particularmente devastadora, pois além do trauma físico, deixa marcas permanentes na vida das vítimas, muitas vezes acompanhadas de sequelas físicas e emocionais profundas. “Quando a queimadura exige internação, o paciente necessita de uma equipe multidisciplinar especializada, composta por médicos internistas, cirurgiões plásticos, enfermeiros especializados, anestesistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, psicólogos e psiquiatras. Essa abordagem integrada é fundamental para promover a recuperação física e emocional da vítima, além de minimizar as sequelas”, diz o Dr. Ariosto Santos.
“O cirurgião plástico atua na recuperação de queimados, cuidando da área afetada para evitar retrações cicatriciais que possam limitar o movimento das articulações, além de realizar enxertos de pele e gordura que ajudam a minimizar as cicatrizes e melhorar a qualidade de vida da vítima. Essas intervenções são essenciais para restaurar a funcionalidade e a autoestima das mulheres que sofreram esse tipo de violência”, conta Dr. Ariosto.
A campanha Junho Laranja 2025 também tem como objetivo sensibilizar as vítimas para denunciar os casos de violência por queimaduras. “É preciso uma mobilização de todos nós no sentido de notificar, denunciar esses casos. E cobrar formas eficazes de punição”, conclui o Dr. Ariosto Santos.
Por Paula Dell’lsola