
Seus olhos coçam muito na primavera? Saiba como prevenir alergias oculares
Estação das flores aumenta a circulação de pólen, poeira e ácaros, fatores que favorecem irritações e inflamações nos olhos. Especialista do Hospital de Olhos de Vitória explica como identificar e tratar o problema
Com dias mais quentes e floridos, a primavera costuma ser associada à renovação e ao colorido da natureza. No entanto, o aumento da concentração de pólen, poeira e ácaros no ar transforma a estação em um período crítico para quem sofre com alergias. Os olhos estão entre as regiões mais afetadas, com sintomas que vão de coceira e vermelhidão a ardência, lacrimejamento e sensação de areia.
De acordo com o oftalmologista Dr. Pedro Trés Vieira Gomes, do Hospital de Olhos de Vitória (HOV), as alergias oculares são uma das queixas mais comuns nesta época do ano. Segundo ele, o calor e a baixa umidade do ar contribuem para o aumento das inflamações.
“Durante a primavera, há um crescimento significativo dos agentes irritantes no ambiente. Eles entram em contato com a mucosa ocular e provocam reações inflamatórias, especialmente em pessoas com histórico de rinite ou asma”, explica o médico.
Quando a alergia vira conjuntivite
Entre as manifestações mais frequentes está a conjuntivite alérgica, causada pela reação do organismo a substâncias consideradas agressoras. A conjuntiva — membrana que recobre o branco dos olhos — torna-se inflamada, provocando incômodo e vermelhidão.
O especialista observa que, muitas vezes, os sintomas são confundidos com os de uma conjuntivite infecciosa, o que leva o paciente a buscar o tratamento errado. “Enquanto a infecciosa é causada por vírus ou bactérias e pode ser transmitida, a alérgica não é contagiosa. Um dos diferenciais está na secreção: nas alergias, ela é aquosa e transparente, e o desconforto melhora com compressas frias”, detalha Dr. Pedro Trés.
Ele ressalta que coçar os olhos é um dos hábitos mais prejudiciais e deve ser evitado. O ato, aparentemente inofensivo, pode agravar o quadro inflamatório e até causar pequenas lesões na córnea. Além disso, há o risco de desenvolver ceratocone — doença que modifica o formato da córnea e compromete a visão.
Como prevenir e aliviar os sintomas
A limpeza do ambiente é um dos principais cuidados preventivos. Manter janelas abertas para ventilar os cômodos, trocar roupas de cama com frequência e evitar o acúmulo de poeira em cortinas e tapetes ajudam a reduzir a exposição a alérgenos. Após atividades ao ar livre, recomenda-se lavar o rosto e as pálpebras com água corrente, além de usar óculos escuros para minimizar o contato com partículas suspensas no ar.
O oftalmologista destaca que o uso de colírios deve ser feito com orientação médica. “Há colírios com vasoconstritores que apenas mascaram os sintomas e podem causar dependência. O ideal é que o paciente procure um profissional para avaliar o tipo de alergia e indicar o tratamento correto”, orienta o especialista do HOV.
Nos casos leves, colírios lubrificantes e compressas frias ajudam a aliviar o desconforto. Quando a inflamação é mais intensa, podem ser necessários medicamentos antialérgicos tópicos ou sistêmicos.
Atenção redobrada e diagnóstico precoce
Segundo o Dr. Pedro Trés, qualquer inflamação ocular deve ser acompanhada de perto. Ele lembra que automedicação e demora na busca por atendimento estão entre as principais causas de complicações. “Os olhos são muito sensíveis e qualquer irritação persistente precisa ser avaliada por um oftalmologista. Com o diagnóstico precoce, é possível controlar a alergia e evitar que o problema evolua”, reforça.
Por Danielli Saquetto