Ensino de Libras nas escolas de Vila Velhapromove inclusão e transforma vidas

Imagine um mundo onde todas as vozes são ouvidas, mesmo aquelas que não se expressam com palavras faladas. Em uma sala de aula repleta de sonhos e descobertas, uma criança surda levanta as mãos e, com um simples gesto, se conecta ao conhecimento, aos amigos e ao futuro. Trabalhando com esta visão, a Secretaria Municipal de Educação de Vila Velha implementou um serviço educacional especializado no atendimento de alunos surdos, que já funciona em 19 escolas do município, sendo que uma delas é a UMEF Professora Nice de Paula Agostini Sobrinho., no bairro Boa Vista II.

Por meio do Decreto Municipal nº 108/2015, o município institucionalizou três escolas de referência em atendimento de alunos surdos, porém, existem outras 25 que também contam com estudantes surdos. Na Umef Nice de Paula, por exemplo, a disciplina de Libras faz parte de grade curricular desde o 1º ano (Fundamental I) até o 9º ano e nas demais escolas, acontecem oficinas de Libras nas salas de aula em que há alunos surdos.

“Comunicação é a ponte que une corações e transforma a educação em um espaço verdadeiramente inclusivo e acessível para todos. Por isso, ensinar a Língua Brasileira de Sinais nas escolas públicas não é apenas uma questão de inclusão social, mas também de cidadania e justiça, pois dá a cada aluno o direito de aprender, de se expressar plenamente e de interagir com as pessoas, no dia a dia, para ter uma vida normal na escola, na família e na sociedade”, avalia a professora Nathalia Castro dos Santos, que leciona Libras na Umef Nice de Paula Agostini Sobrinho.


“O trabalho que estamos desenvolvendo em Vila Velha é a prova de que a educação pode (e deve) ser um instrumento de transformação social e cidadania. A inclusão da língua brasileira de sinais no currículo das nossas escolas municipais representa um marco no compromisso da nossa gestão com uma educação verdadeiramente acessível, acolhedora e humana. Acreditamos que todas as crianças, independentemente de suas condições, têm o direito de aprender, de se comunicar e de sonhar com um futuro melhor. Por isso, investir no ensino de Libras é investir em igualdade de oportunidades, empatia e respeito à diversidade. Essa é uma das formas mais bonitas de formar não só estudantes, mas cidadãos conscientes, solidários e plenos”, avaliou o prefeito Arnaldinho Borgo.


Umef Nice de Paula ensina Língua de Sinais a 647 alunos de 22 turmas

 

A Umef Nice de Paula garante o ensino de Libras a um total de 647 alunos de 22 turmas de 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, nos dois turnos (matutino e vespertino). Lá, os estudantes aprendem a traduzir e a interpretar mensagens, e também a dialogar utilizando a língua de sinais. E uma vez por semana, todos os alunos da escola cantam os hinos Nacional e de Vila Velha, no início de cada turno, usando Libras para interpretar as letras. Para dar conta desta missão, a escola conta com uma equipe qualificada formada por cinco professoras bilíngues: duas atuando no turno da manhã, e outras duas, lecionando no turno da tarde, junto com mais uma professora, que é surda.


A UMEF Professora Nice de Paula Agostini Sobrinho conta, ainda, com uma “Sala Bilíngue” de alunos surdos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental I. Nela, os alunos aprendem, por meio da Libras, disciplinas comuns como Língua Portuguesa, na modalidade escrita. Também aprendem Matemática, Geografia, História e Ciências. As demais disciplinas são ministradas junto aos demais alunos ouvintes, nas turmas de referência correspondentes ao seu ano de matrícula. Na Umef Nice de Paula, os alunos recebem, ainda, atendimento educacional especializado nos contraturnos, para complementar e/ou suplementar seus processos de aprendizagem.

 


“Quando o ensino de Libras é integrado ao currículo, toda a comunidade escolar se beneficia: professores, alunos e funcionários. Eles desenvolvem empatia, ampliam sua capacidade de comunicação e contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e acessível. A não é apenas um meio de comunicação para surdos, mas uma ponte para a igualdade de oportunidades, promovendo o aprendizado e a socialização de milhares de estudantes que, sem esse recurso, enfrentam barreiras diárias no ambiente escolar”, ressaltou a professora Nathalia Castro dos Santos.


Na Umef Nice de Paula, as salas de aula, as áreas internas e externas são sinalizadas com imagens e informações que utilizam Libras. O ensino da disciplina é um sucesso entre os alunos, que adoram participar das atividades.
Alunos aprovam ensino da disciplina


João Vítor Marques Ramalho (10 anos) – 5º Ano: “Estudo Libras há três anos e acho muito legal aprender, praticar diálogos e fazer traduções e interpretações durante as aulas. Sabendo usar os sinais, a gente pode se comunicar com pessoas surdas em qualquer lugar, no dia a dia, em qualquer situação”.



Lorenzo Toso – (10 anos) – 5º Ano: “Estou aprendo Libras desde 2021, quando entrei na Umef Nice de Paula. E sempre tirei nota 10 nas provas. Acho muito bom aprender as letras do alfabeto, os números e as palavras. Já consigo conversar coisas básicas quando encontro pessoas surdas. Um dia, quando fui na praia, conheci o tio de uma amiga minha, que é surdo. Consegui conversar várias coisas com ele usando Libras. A gente ficou se comunicando por um tempão. Foi bem legal”.


Flávia Vieira Gavazza – (10 anos) – 5º Ano: “A aula de Libras é a que eu mais gosto. Nossa professora sabe ensinar muito bem. Fica fácil e divertido aprender. Acho importante ter esse conhecimento, para a gente pode se comunicar com pessoas surdas sem precisar fazer leitura labial. Às vezes, se um surdo passar mal na rua, a gente pode ajudar, entender o que ele está sentindo, saber o nome, onde mora e etc. Então, é muito bom saber Libras. Assim, a gente fica preparado pra tudo”.



Davi Lucas Andrade Stefanon – (10 anos) – 5º Ano: “Estudo libras desde os cinco anos de idade, quando entre aqui na escola Nice de Paula. E eu adoro aprender os sinais pra poder me comunicar com pessoas surdas. Tenho um amigo surdo que estuda aqui na escola e a gente sempre se encontra no recreio e conversa usando Libras. Eu entendo tudo. E acho muito legal”.

            Fotos da PMVV

Por Cláudio Figueiredo 

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